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Reabilitação Neurológica

 Por JOÃO EDUARDO MARTEN TEIXEIRA E RODRIGO FERNANDES LUIZ

 Os pacientes que convivem com as consequências de uma doença neurológica necessitam do acompanhamento médico que pode ser realizado por Neurologistas, Endocrinologistas, Geriatras, Cardiologistas, Médicos de Família e Comunidade. Esse acompanhamento é imprescindível para o controle das comorbidades clínicas que cada paciente apresenta, bem como prevenir a ocorrência de novos eventos ou aceleração da progressão da doença.

Ao mesmo tempo a REABILITAÇÃO NEUROLÓGICA complementa o trabalho dos especialistas e tem como intuito restaurar a identidade pessoal e social dos pacientes que sofreram lesões no córtex cerebral, tronco cerebral, medula  espinhal, nervos periféricos, na junção neuromuscular e no músculo. Sempre em busca do bem-estar físico e emocional do indivíduo.

Portanto, a REABILITAÇÃO NEUROLÓGICA não substitui o cuidado médico regular e sim complementa esse cuidado médico clínico, visando o tratamento das consequências das doenças neurológicas.

Quem participa da reabilitação neurológica?

O tratamento multiprofissional e interdisciplinar é condição imprescindível no tratamento de pessoas com sequelas de doenças neurológicas já que múltiplas esferas da vida desta pessoa podem ser influenciadas por essas doenças.

A própria pessoa, sua família e a sociedade também devem de forma ativa participar do processo de Reabilitação já que o foco final do tratamento é devolver ao paciente o máximo de funcionalidade possível. E, para implementar os ganhos terapêuticos obtidos durante o processo de reabilitação, é necessário que esses ganhos sejam colocados em prática.

Para auxiliar os paciente e a família neste processo, é necessário profissionais de diferentes áreas:

  • Fisioterapia
  • Nutrição
  • Psicologia
  • Neurologia
  • Medicina Física e Reabilitação
  • Acupunturiatria

Esses profissionais devem se reúnir em equipe periodicamente sob coordenação do médico especialista em Medicina Física e Reabilitação a fim de discutir a evolução individual de cada paciente e traçar objetivos comuns de acordo com cada etapa da reabilitação (individualização do tratamento).

A Fisioterapia Neurológica

A Fisioterapia Neurofuncional, como é chamada nos dias de hoje, é bastante difundida em nosso meio e surgiu no fim da década de 1940 com alguns pesquisadores como Rood, Kabat e Knott, Brunnstrom e Bobath.

Antigamente, baseava-se apenas em informações de experiência clínica. Entretanto atua hoje com base nos conceitos neurofisiológicos obtidos com condutas bem-sucedidas e pesquisas clínicas.

O tratamento é direcionado para a recuperação funcional mais precoce e rápida possíveis, em diferentes faixas etárias: crianças, adultos e idosos.

Hoje, com as modernas técnicas e com o aprimoramento constante dos profissionais, essa área da fisioterapia obtém  ótimos resultados.

SAIBA MAIS: Qual o papel da Toxina Botulínica (Botox®) na reabilitação?

Quais são os principais objetivos da Reabilitação Neurológica?

  • prevenir deformidades, orientar a família e o paciente seja ele adulto ou criança
  • melhorar o tônus muscular e tratar da espasticidade
  • melhorar habilidades cognitivas e de memória
  • reintegrar a pessoa com deficiência à sociedade
  • diminuir padrões patológicos
  • prevenir instalação de doenças pulmonares
  • manter e aumentar a amplitude de movimento
  • tratar a dor
  • estimular as atividades de vida diária, a alimentação, reeducar a bexiga e o intestino, a exploração vocacional e o lazer
  • otimizar a qualidade de vida do paciente

Acidente Vascular Encefálico (AVC, “derrame”)

Independente da causa, as sequelas de um AVC costumam se instalar com bastante rapidez, prejudicando a capacidade física e o estado emocional do paciente e por isso deve-se realizar uma avaliação minuciosa para que suas dificuldades e potencialidades sejam identificadas.

Dentro de um programa de Reabilitação bem planejado, a Fisioterapia após o AVC pode melhorar a qualidade de vida do paciente, promovendo independências funcionais.

Exercícios voltados ao fortalecimento e alongamento dos músculos, treinos de equilíbrio e uma série de estímulos que visam o restabelecimento sensorial, são algumas atividades que a Fisioterapia utiliza de acordo com o quadro de cada paciente.

Orientações quanto aos posicionamentos e mobilizações são artifícios que podem reduzir dores e prevenir imobilizações e posteriores redução da mobilidade das articulações.

É de extrema importância, avaliar a marcha e funções mais complexas como subir e descer rampas / escadas, além de atividades de vida diária e utilização de órteses que auxiliem em sua reabilitação.

Paralisia Cerebral

A Fisioterapia é responsável em prevenir e corrigir as deformidades dos membros superiores e inferiores, contribuindo para que o paciente seja o mais independente possível nas suas atividades da vida diária (AVD) e na sua locomoção.

As inúmeras técnicas de fisioterapia existentes, como Bobath, Kabath e Therasuit, por exemplo, atendem a necessidade individual de cada paciente, e o tratamento proposto depende de uma avaliação cinético funcional minuciosa.

O tratamento fisioterapêutico é bastante abrangente, devendo sempre considerar as alterações funcionais secundárias ao comprometimento neurológico e as biomecânicas.

Assim, devemos considerar o alongamento muscular, a estabilidade articular e a força associados ao controle central para a realização das atividades funcionais diárias, que envolvem a capacidade para adoção e manutenção das diferentes posturas, assim como para a realização de seus movimentos.

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JOÃO EDUARDO MARTEN TEIXEIRA é médico fisiatra RODRIGO FERNANDES LUIZ é fisioterapeuta.

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